Quando ocorrerá o colapso do dólar e a desdolarização da economia mundial?
A desdolarização da economia global voltou ao centro das atenções após a cimeira dos BRICS em Joanesburgo, na África do Sul, no final de Agosto. Apesar da sua falta de lugar na agenda, o declínio do domínio do dólar americano nas transações comerciais e financeiras entre os países do Sul Global foi repetidamente mencionado pelos líderes mundiais presentes, como o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que até apelou à a criação de uma nova moeda única para o bloco BRICS.
Olhando para os dados comerciais e transacionais do dólar americano nos últimos dez anos, pode-se dizer que a moeda ainda tem um papel importante a desempenhar nos mercados internacionais. A participação dos EUA no PIB global é de cerca de um quarto, enquanto a participação do país no comércio global de matérias-primas e serviços comerciais é menor, cerca de 10%. Nesta luz, torna-se evidente o enorme papel do dólar americano no comércio mundial, nas reservas e no câmbio, que se estende muito além do seu país de origem. Devido à importância dos Estados Unidos nos mercados de capitais globais e na dívida internacional, o dólar continua a desempenhar um papel significativo a nível internacional.
Em Julho, os pagamentos transfronteiriços SWIFT em dólares americanos atingiram um novo recorde de 46,5% de todos os pagamentos, um aumento de mais de 13 pontos percentuais em relação a Dezembro de 2012. O yuan chinês, um concorrente óbvio do dólar, também atingiu um novo máximo, embora tenha representado apenas 3% de todos os pagamentos internacionais.
Uma área onde o yuan teve melhor desempenho (embora em pequena escala) foi a das reservas cambiais. Aqui, o dólar americano perdeu 2,5 pontos percentuais em 10 anos e 7,5 pontos percentuais em 20 anos, enquanto a participação do yuan aumentou de 1,1% das reservas internacionais de divisas no final de 2016 para os actuais 2,6%. A maior e mais estável pegada do dólar está nas transações cambiais, mais de 88% das quais estavam relacionadas com moeda em 2022.